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Por onde andam nossos Egressos?

Confira a entrevista concedida por Thomas Abdo Costa Calil, egresso da 39ª turma do curso de graduação em Medicina Veterinária da UFU
por Kênia Carrijo
Publicado: 20/09/2019 - 21:54
Última modificação: 17/01/2020 - 10:55

Por Juliana Ferreira Melo

 

          “Em janeiro de 1994 ingressei na 38ª turma do curso de graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, concluindo o curso em julho de 1999, juntamente com a 39ª turma, pois decidi trancar matrícula para fazer um intercâmbio na Austrália entre o quinto e o sexto período. Minha intenção inicial era trabalhar com cavalos, dado um histórico pessoal de muita satisfação com esses animais, mas ao longo da graduação fiz estágio em todas as áreas. Em um determinado momento decidi que a avicultura seria parte integrante da minha vida e iniciei minha atuação nesse segmento como estagiário da GRANJA PLANALTO, local onde trabalhei em praticamente todos os departamentos, com foco principal em incubação e pesquisas, duas das minhas paixões na avicultura".

 

FOTO: Thomas Abdo Costa Calil - Diretor das Américas das empresas Lohmann Tierzucht e H&N International

 

          "Da Granja Planalto surgiu a oportunidade de trabalhar para a COBB VANTRESS, com avós e bisavós, granjas, incubatórios e controle de qualidade. Nessa empresa conseguimos a certificação ISO 9001 para os dois incubatórios e a fábrica de rações; a primeira dentre casas genéticas no país a obter essa conquista. Não menos importante, também estruturamos o departamento de planejamento/logística e participei ativamente do projeto e execução de um grande complexo de granjas e incubatório de avós, o maior da américa latina à época. Buscando me aprimorar profissionalmente tinha o desejo de trabalhar com serviço técnico a clientes, ou seja, viajando; e foi possível concretizar esse objetivo em uma oportunidade com a HYBRO, empresa holandesa de genética de corte. Dentro desta empresa e conhecendo de perto as necessidades da indústria avícola brasileira a campo, juntamente com o dono das operações brasileiras da HYBRO, tivemos a ideia de partir para um empreendimento inovador. Criamos, assim, uma fábrica de equipamentos e sistemas para incubação (PAS REFORM do BRASIL, joint-venture Brasil-Holanda) onde me dediquei como diretor geral por oito desafiantes e prazerosos anos. Introduzimos no mercado brasileiro um conceito de incubação disruptivo (denominado Estágio Único Modular), visto até então com muito ceticismo pela indústria local e, em alguns anos, atingimos a incrível marca de 60% de participação nos projetos comercializados no período. Essa empresa e sua equipe de profissionais foram, sem dúvida, um divisor de águas no que se refere à incubação no país. Orgulho-me muito de ter feito parte dessa história”, destaca.

 

           “Por razões pessoais e de carreira, coincidindo com o estágio de maturação e consolidação da empresa no mercado local, concluímos que havia chegado o momento de vender nossas operações aos Holandeses. Após a concretização do negócio tive a feliz oportunidade de juntar-me a Lohmann Tierzucht e H&N International, empresas alemãs líderes mundiais em genética de postura, em uma posição geograficamente mais abrangente (diretoria das Américas). Essa mudança me permitiu não apenas a expansão de minha atuação no negócio avícola pelo lado profissional, como também a flexibilidade e condições para uma nova incursão fora do país, dessa vez EUA com esposa e filhas, pelo lado pessoal. Vemos que muitos diretores e presidentes de grandes empresas de saúde, nutrição, produção animal e afins, são médicos veterinários. Isso se dá porque nossa profissão nos proporciona uma visão sistêmica do negócio, principalmente em se tratando das áreas suinícola e avícola, pois nossa área é bastante técnica. Acredito que o curso de Medicina Veterinária tenha despertado em mim e nos colegas esta visão sistêmica. Ou seja, o conhecimento técnico é um dos responsáveis diretos pela concretização de negócios, fidelização e pela expansão de territórios”.

 

          “Especificamente sobre a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), posso dizer que a estrutura física e a rica contribuição de alguns professores foram os pontos que de fato, muito colaboraram para minha formação. Em passagens importantes como as realizações de estágios e Trabalho de Conclusão de Curso pude contar com a existência de uma granja de matrizes pesadas instalada no Campus Glória. Outra valiosa contribuição para a minha formação foi a continuidade dos estudos em áreas não cobertas pela grade curricular normal. Também, fui muito afortunado de haver participado do primeiro Curso de Pós-Graduação em Ciências Aviárias da UFU, onde logo depois passei a lecionar também. Em seguida, iniciei uma outra pós-graduação, dessa vez em Morfo-fisiologia animal, curso que optei por não concluir dado o fato de que o conteúdo já não se aplicava diretamente às minhas necessidades. E foi assim, fazendo escolhas e atendendo as aspirações e necessidades das novas posições assumidas nas empresas, que concluí MBA em Gestão de Negócios. Infelizmente, ainda, não consegui fazer mestrado e doutorado, dois projetos que seguem adormecidos”, reconhece.

 

O que diria aos alunos do curso de Medicina Veterinária da UFU?

 

           “Utilizando-se desse clichê dos negócios: “Hoje nós fazemos nossas escolhas e amanhã nos damos conta de que nossas escolhas nos fizeram”, recomendo que os estudantes de Veterinária escolham se aprofundar em temas que estão fora da grade curricular normal como, por exemplo: liderança, inteligência emocional, finanças, planejamento, análise de dados e tomada de decisões, idiomas (mínimo inglês e espanhol), Excel avançado e oratória, para citar alguns. Algo que me ajudou muito foi a vivência no exterior. A bagagem cultural, respeito e entendimento das diferenças e o contato com diferentes nacionalidades são os pontos mais importantes, até superiores ao aprendizado da língua. Para tudo isso, organização, limpeza e pontualidade são as bases da disciplina, que é a matriz para tudo isso que falamos acima. Disciplina é o primordial, pois como sabemos: mais cedo ou mais tarde, a disciplina vence até a inteligência. Essas são algumas das experiências que fazem a diferença”, afirma Thomas Abdo Costa Calil.